Baderneiros
Baderna é confluência
não tem confusão na palavra
é a expressão de um povo
que lavra histórias
de luta em comunhão.
Cultura de sonhar coletivo!
Produto das nossas mãos
unidas por algo novo.
Baderna não é bagunça.
A raiz desse neologismo
é aquele mesmo abismo
de racismo estrutural
perseguindo nossa essência
tão diversa e plural.
Baderna é também farra, fanfarra,
por que não?
Mas toda essa algazarra
é antes um sobrenome que dançava
e lotava teatros por onde passava,
uma palavra guerreira mulher
pioneira em amar o Brasil,
dançarina, estrangeira que fundiu
balé clássico com tudo que aprendeu
nas ruas tão mal faladas
dos cirandeiros e seresteiros,
em rodas de jongo e umbigada.
Não tem a ver com desordem,
a ordem estapafúrdia para a Baderna
virar balbúrdia
é a mesma que matou o Policarpo Quaresma.
Pensa a revolta que Marieta
ou Maria, como povo preferia,
em meio ao século XIX
desperta na classe nobre
que assistia dos camarotes
um teatro lotado de preto e pobre?
Não à toa
baderneiros
foi a palavra
que a elite odiou primeiro
muito antes de brasileiros.
Por isso se tem Baderna
o sonho ainda está em dia
saímos da Caverna
para materializar utopias,
empunhando versos guerreiros
dançando, cantando,
vivendo poesia
seguindo os passos de Maria
no sentido mais verdadeiro.
Quem nós somos?
Baderneiros!
Manifesto da Casa Baderna, instagram @baderna_literaria, declamado na abertura do Sarau Baderna que acontece todo último sábado do mês às 19 horas, Av. Guarapiranga, 2376, sobreloja, São Paulo.