Eliana de Freitas

Que histórias são essas?

Textos


Baderneiros

Baderna é confluência

não tem confusão na palavra

é a expressão de um povo

que lavra histórias

de luta em comunhão.

 

Cultura de sonhar coletivo!

 

Produto das nossas mãos

unidas por algo novo.

Baderna não é bagunça.

 

A raiz desse neologismo

é aquele mesmo abismo

de racismo estrutural

perseguindo nossa essência

tão diversa e plural.

 

Baderna é também farra, fanfarra,

por que não?

Mas toda essa algazarra

é antes um sobrenome que dançava

e lotava teatros por onde passava,

uma palavra guerreira mulher

pioneira em amar o Brasil,

 

dançarina, estrangeira que fundiu

balé clássico com tudo que aprendeu

nas ruas tão mal faladas

dos cirandeiros e seresteiros,

em rodas de jongo e umbigada.

 

Não tem a ver com desordem,

a ordem estapafúrdia para a Baderna

virar balbúrdia

é a mesma que matou o Policarpo Quaresma.

 

Pensa a revolta que Marieta

ou Maria, como povo preferia,

em meio ao século XIX

desperta na classe nobre

que assistia dos camarotes

um teatro lotado de preto e pobre?

 

Não à toa

baderneiros

foi a palavra

que a elite odiou primeiro

muito antes de brasileiros.

 

Por isso se tem Baderna

o sonho ainda está em dia

saímos da Caverna

para materializar utopias,

 

empunhando versos guerreiros

dançando, cantando,

vivendo poesia

seguindo os passos de Maria

no sentido mais verdadeiro.

 

Quem nós somos?

Baderneiros!

 

Manifesto da Casa Baderna, instagram @baderna_literaria, declamado na abertura do Sarau Baderna que acontece todo último sábado do mês às 19 horas, Av. Guarapiranga, 2376, sobreloja, São Paulo.

Eliana de Freitas, Carolina Peixoto, Pam Araujo e Thiago Peixoto
Enviado por Eliana de Freitas em 30/01/2025
Alterado em 30/01/2025
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