Minhas coisas valiosas,
Conquistas feitas com o tempo,
Uma parede de filtros de café,
Usados, velhos, hoje servem de alento.
Quatorze anos sem retoques ou nova cor,
Erguida pelas mãos das minhas filhas,
Com filtros doados dos parentes e amigos,
Uma empreitada coletiva, submissa da vontade.
Nada no mundo materializa tão bem,
Esse tempo, essa entrega, essa criação,
É símbolo do amor que me envolve,
De quem me dá vida e inspiração.
Outra peça que carrego comigo,
É um vestido preto, estampado em rosa choque,
Mais que anos já passaram e ainda serve,
Belo, imortal, sem qualquer retoque.
Nada materializa tão forte,
Beleza, força, eternidade feminina,
Como esse tecido que veste o corpo,
E me faz sentir sempre divina.
E se perguntarem dos meus filhos,
Ah, esses têm todo o valor,
Mas não são coisas, são divindades,
Que trouxeram à minha vida o amor.
Me sustentam, me alegram, me elevam,
São o motivo da minha fé,
Nas pessoas, na vida, em Deus,
Se caio, eles me põe de pé.
Se choro, me envolvem em alegria,
Se erro, com amor me perdoam,
E nas vitórias, compartilham comigo,
Sorrisos que em nossos lares ecoam.
E assim passa o tempo, meu e deles,
Em risos, medos e coragem,
O amor que habita nossas histórias,
Fica ali, perene em nossa bagagem.
Porque não importa para onde a vida vá,
O amor sempre nos guiará,
E juntos, nesse lugar, sempre estaremos,
Em um laço que nunca se quebrará.