Eliana de Freitas

Que histórias são essas?

Textos


Cooperifa - 10 anos - Damos graças

Graças à caneta da Mara, pude no meio da festa dos 10 anos escrever essas palavras.

A Cooperifa é isso, gente e mais gente que se ajuda, se motiva, se apoia para que brote o melhor que há em cada um em forma de arte.

Foi a quarta vez que estive lá, em dez anos não são muitas visitas, mas todas mexem comigo.

Na primeira vez, 2006, daquilo que é perto, mas não próximo...

Somos vizinhos, nasci no Jardim Ibirapuera e moro na Guarapiranga, tinha lançado meu livro na Paulista, andava com a turma dos Jardins e de Pinheiros e quando cheguei na Cooperifa ouvi lindas poesias, rimadas, sangradas, que me soaram como cobrança.

Meu livro não falava de como o mundo é diferente da ponte pra cá. Meus textos, meus poemas retratavam a Pauliceia desvairada da ponte para lá, dessa geografia pulava para o norte, Manaus, e ia dar em Copacabana, caminhos que tracei, até deitar em Moema.

Pensei, minha pena tem que dar vida às histórias de onde eu vim.

E assim veio Brasil, cem sentidos, segundo livro, segunda visita à Cooperifa, 2007.

Com histórias da periferia que eu vivi, malandragem, muita luta, na labuta do dia a dia, os sonhos de crescer, ser alguém e melhorar a Porra desse país. É, depois da segunda visita, criei coragem para não temer qualquer palavra que melhor expresse a minha indignação com certas coisas.

Ainda me arrepia quando começa o sarau e o povo grita: povo lindo, povo inteligente. Meu Deus, cada poeta que ali está não precisa de qualquer reconhecimento fora de lá, a Cooperifa se autossustenta de criação, público e magia. O orgulho brota de fazer parte, de se estar lá, de viver aquele momento único de silêncio para as palavras dominarem o ar. 

O lider, Sergio Vaz, impõe uma postura de respeito ao momento, às palavras, aos autores, a nós mesmos com a maior autoridade que conheço nesse mundo de saraus. 

Sou de uma época que de Santo Amaro só se sabia de indústria.

Sou contadora, porque quem nascia da ponte pra cá, aos 14 já tinha que ir à labuta, e esse emprego bastante tinha. Jornalismo, escrever era só sonho, inacessível para quem precisava ganhar o pão de hoje para pagar a marmita de ontem.

Hoje, não importa se meus netos são do Capão, do São Luiz, ou que nem eu do Ibira, podem sonhar com letras, gastar todo o tempo formando palavras que combinem ou não, a diferença traz a harmonia.

Podem crescer como poetas, músicos, e viver intensamente a arte, o dom, já há palco na periferia, graças à Cooperifa. 

Obrigado, pessoal, povo lindo, povo inteligente, corajoso, brava gente.

http://colecionadordepedras1.blogspot.com/





 
Eliana de Freitas
Enviado por Eliana de Freitas em 21/10/2011
Alterado em 26/07/2012


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